quinta-feira, 9 de novembro de 2017

"cronicamente inviável"*

*Me aproprio do título do filme para começar.
Cronicamente inviável. É assim que vejo a avenida por onde transito. Faltam alguns minutos para a uma da tarde. Um sol tímido incomoda esta passageira que atravessa, sentada à janela do ônibus, a avenida mais paulistana: Avenida Paulista. Humor péssimo (raridade, mas nunca impossibilidade, rotineira).
Sinal fechado e filas de carros parados, o ônibus parado. Na ilha (aquela parte da avenida que separa as duas pistas), um homem de cabelos brancos cospe em direção a um dos carros. Grita e segue caminhando com raiva explícita nos gestos que faz com os braços. Não há ninguém ao seu lado. Todos os carros estão parados aguardando o sinal verde. Não houve nem um movimento que pudesse ter agredido o "cidadão"/pedestre. eu estava ali... olhar fixo no movimento (no não movimento) da rua. O asfalto imóvel!
Verde: finalmente o sinal está aberto para motoristas estressados (ou não) seguirem seu percurso. Eu ainda vejo o homem se debatendo e xingando à revelia! O coletivo em que estou sentada à janela ultrapassa o carro do cidadão que foi xingado e teve uma cusparada em sua direção. Na direção do veículo vejo um homem negro, despreocupado com a lentidão.
(Vontade de vomitar.)